disfalgia

As 5 causas mais comuns de disfagia em idosos

As 5 causas mais comuns de disfagia em idosos 

Por mais que engolir seja uma ação quase sempre feita de forma automática, isso não quer dizer que ela seja simples. Para líquidos e alimentos serem levados da boca até o estômago, vários músculos precisam ser acionados de forma sincronizada. Em idosos, tal processo pode encontrar obstáculos, o que caracteriza a chamada disfagia.

Pessoas idosas são consideradas grupo de risco para disfagia em decorrência da redução na qualidade e quantidade de massa muscular própria do envelhecimento. Logo, a disfagia nessa faixa etária aumenta a chance de comprometimento do estado nutricional e eleva o risco de pneumonia aspirativa. Isso exige a intervenção de uma equipe multidisciplinar que compreenda a disfagia em idosos e implemente s medidas necessárias para, assim, mitigar suas consequências. 

Quais as principais características dos quadros de disfagia?

Como já mencionado, a disfagia se caracteriza pela dificuldade em engolir, que faz com que alimentos e líquidos não alcancem o estômago. Existem dois tipos principais de disfagia, cujas características mudam de acordo com os mecanismos fisiopatológicos envolvidos1:

Disfagia orofaríngea

A disfagia orofaríngea também é conhecida como disfagia alta por acontecer na fase oral da deglutição. Causa sufocamento ou acessos de tosse quando se tenta engolir o alimento ou o líquido ou ainda a sensação de que aquilo que foi ingerido está descendo pela traqueia ou subindo pelo nariz (regurgitação nasal). Esse problema pode ser uma das causas de pneumonia de repetição. 

Em geral, os quadros de disfagia englobam sintomas que vão além da dificuldade para engolir, como episódios de regurgitação, tosse ou engasgo ao deglutir e engolir, azia frequente e rouquidão1.

Disfagia esofágica

A disfagia esofágica, também chamada de disfagia baixa, é caracterizada pela dificuldade da passagem do alimento após a deglutição. Provoca a sensação de que o alimento ou líquido está “preso” na garganta depois que a pessoa coloca algo na boca e deglute e pode causar dor torácica.

Quais as causas mais frequentes de disfagia em idosos?

A disfagia em idosos pode aparecer em conjunto com diferentes condições comuns a esse período da vida. Conhecê-las é parte essencial para que sejam feitas avaliações adequadas do ponto de vista clínico e nutricional, prevenindo que as complicações provenientes da dificuldade de engolir agravem ainda mais o curso do paciente.

    1. Acidente vascular encefálico

Os acidentes vasculares encefálicos provocam diferentes níveis de incapacitação, o que pode incluir a disfagia, seja na fase aguda da condição, seja no período de recuperação posterior ao episódio2. Na média, parece haver uma relação entre a gravidade do acidente vascular cerebral e o grau de dificuldade de engolir percebido durante o estágio de reabilitação3.

    2. Problemas neurológicos (Parkinson, Alzheimer e Huntington)

Estimativas apontam que pacientes que sofrem com alto grau de comprometimento oriundo de doenças neurológicas têm uma grande prevalência de disfagia: em média, dois terços de quem sofre com Alzheimer e 8 entre cada 10 pacientes com Parkinson precisam lidar com a condição4. Mais rara, a doença de Huntington, (também chamada de coreia) também tem forte associação com quadros de disfagia5

    3. Alguns tipos de câncer

As disfagias associadas ao câncer estão presentes principalmente durante o tratamento de tumores na região da cabeça e do pescoço. As sessões de quimioterapia e radioterapia podem prejudicar a atuação dos músculos da região, dificultando o ato de deglutir e engolir6.

    4. Divertículos de Zenker

O divertículo de Zenker é uma condição relativamente rara, na qual uma pequena bolsa se forma na mucosa da faringe. Um dos primeiros sinais da progressão da doença é justamente a disfagia, acompanhada de halitose e episódios frequentes de regurgitação.7

    5. Uso de determinados medicamentos.

Alguns medicamentos também podem provocar disfagia, seja por provocarem lesões na mucosa esofágica, seja por efeito colateral direto. Entre os fármacos com mais chances de causar esse problema estão aqueles que contêm algum tipo de ácido em sua composição (como, por exemplo, o ácido acetilsalicílico e a clindamicina). Além disso, certos anti-inflamatórios não esteroides e determinados medicamentos psiquiátricos podem desencadear a condição.

Quais são as principais recomendações nesses cenários?

O tratamento da disfagia passa por resolver ou minimizar a causa do problema que provoca a dificuldade para engolir. Isso demanda a atenção de uma equipe multiprofissional composta por especialistas no cuidado com idosos, incluindo nutricionistas e fonoaudiólogos.

Além disso, eles podem atuar para adequar as quantidades e as consistências da dieta às circunstâncias, garantido a manutenção do estado nutricional. Certos medicamentos e procedimentos cirúrgicos também podem ajudar na resolução do problema. Além disso, alguns cuidados na rotina de alimentação são indispensáveis:

    • Optar por alimentos macios e pastosos (conforme consistência indicada pelo fonoaudiólogo).
    • Evitar alimentos secos.
    • Fazer as refeições de forma lenta.
    • Preparar porções menores e diminuir a quantidade do alimento a ser levado a boca.
    • Sentar-se adequadamente para comer, de preferência em um local agradável.
    • Não se deitar logo após a refeição.
    • Uso de espessantes para engrossar líquidos, conforme orientação do fonoaudiólogo.

Pacientes com quadros de desnutrição proteico-calórica também se beneficiam de suplementação oral apropriada. O Fresubin® 2 Kcal Crème, por exemplo, conta com a consistência adequada para facilitar a ingestão por disfásicos e contribui com o aporte adequado de calorias e proteínas, fundamentais para a manutenção de um bom estado nutricional.

Como você percebeu, as causas de disfagia em idosos são variadas. Contudo, seja qual for a condição que provoca essa dificuldade, sem o acompanhamento adequado as consequências para o estado de saúde do paciente podem ser graves. Logo, conhecer as melhores condutas a respeito desse problema é fundamental, bem como o suporte de profissionais capacitados. 

Aproveite e veja mais sobre porque disfagia é assunto para todo o dia.

 

 

Referências

    1. Disfagia: veja os sintomas, complicações e dicas para prevenir - PEBMED.
https://pebmed.com.br/disfagia-tudo-que-voce-precisa-saber/
    2. I Consenso Brasileiro de Nutrição e Disfagia em Idosos Hospitalizados | São Paulo; Manole; 2011. 106 p. ilus, tab.
    3. Itaquy, Roberta Baldino, et al. "Disfagia e acidente vascular cerebral: relação entre o grau de severidade e o nível de comprometimento neurológico." Jornal da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia 23 (2011): 385-389.
    4. Suttrup, I., Warnecke, T. Dysphagia in Parkinson’s Disease. Dysphagia 31, 24–32 (2016).
    5. Pinheiro HA, Fonseca AMM, Almeida ERS, Rodrigues RKC, Fangel R, Faria FP. Perfil e capacidade funcional em sujeitos com Doença de Huntington. J Health Biol Sci. 2020 J; 8(1):1-5
    6. Orientações Para Disfagia em Pacientes com Câncer de Cabeça e Pescoço. Disponível em: https://hc.unicamp.br/wp-content/uploads/2020/04/orientacoes-disfagia-cancer-cabeca-pescoco.pdf
    7. Divertículo de Zenker: saiba como são o diagnóstico e o tratamento. Disponível em: https://pebmed.com.br/diverticulo-de-zenker-diagnostico-e-tratamento/
    8. Disfagia secundária à clozapina: uma relação negligenciada. Disponível em: https://pebmed.com.br/disfagia-secundaria-a-clozapina-uma-relacao-negligenciada/