Alimentando no hospital

Como orientar o paciente oncológico para que cuide de sua nutrição após alta hospitalar?

Como orientar o paciente oncológico para que cuide de sua nutrição após alta hospitalar?

A alta hospitalar muitas vezes é pouco padronizada. Consequentemente, isso afeta a continuidade do cuidado no domicílio colocando os pacientes em alto risco, tanto de eventos adversos pós-alta quanto de readmissão precoce.

O estado nutricional e a dietoterapia de pacientes em tratamento de doenças agudas e crônicas, como oncologia, devem ser progressivamente enfatizados ao longo da trajetória do paciente internado, e não só no momento da alta hospitalar. Essa recomendação se faz necessária visto os dados da literatura, que mostram que 20% a 45% dos pacientes apresentam desnutrição no momento da alta hospitalar.

Na minha prática, assim que a paciente interna, eu já início minha interação com ele e a família conversando sobre a importância do estado nutricional durante o tratamento, além de falar sobre os mitos alimentares e o tratamento oncológico.

No decorrer dos dias, eu identifico o principal cuidador, local de residência e acesso. E já começo a orientação nutricional no decorrer dos dias, com entrega de material escrito e explicação da dietoterapia, ficando disponível para retirar as dúvidas nas próximas visitas.

Caso seja prescrito alguma suplementação oral ou dieta enteral, eu oriento como utilizar os produtos e forneço informações com os locais de compra.

Portanto, sempre reforce a importância da nutrição no tratamento oncológico e solicite que o paciente tenha acompanhamento nutricional constante para melhor desfecho clínico.

A BRASPEN na campanha “Diga não à Desnutrição”, no método mnemônico, reforça a importância da alta hospitalar. Pensando em ter desempenho eficaz no processo de alta hospitalar, o primeiro requisito é estabelecer como meta a data de previsão da alta. Posteriormente, fornecer as orientações sobre continuidade dos cuidados no domicílio.

Passo a passo de orientação ao paciente para que cuide de sua nutrição após alta hospitalar Na prática, a sugestão nesse processo de orientação ao paciente para que cuide de sua nutrição após alta hospitalar é:

  1. Identificar nos primeiros dias de internação a pessoa envolvida no processo do cuidado, engajando-a (paciente, parente, cuidador);
  2. Reconhecer barreiras do aprendizado e comunicação: visual, auditiva, outras (cultural, religiosa, psicomotora, emocional);
  3. Iniciar a orientação durante o período de hospitalização;
  4. Determinar o melhor método de ensino de acordo com nível de entendimento do paciente e cuidador, podendo ser: demonstração, de vídeos elaborados pela própria instituição, ou acesso livre na internet, verbal, folheto impresso;
  5. Identificar a necessidade de reforço;
  6. Realizar a orientação nutricional bem detalhada, com descrição da dietoterapia e/ou fórmulas a serem utilizadas;
  7. Detectar se o objetivo foi atingido ou não por meio de confirmação se houve o entendimento;
  8.  Definição de rede de distribuição de suplementos na rede pública e encaminhamentos para acompanhamento nutricional após alta hospitalar;
  9. Garantir que o processo de planejamento efetivo de alta seja implementado mesmo em feriados e finais de semana;
  10. Fornecer informações de sites seguros para pesquisa na internet;
  11. Fornecer informações com nome e locais de revendas acessíveis;
  12. Acompanhamento após a alta hospitalar (retorno ambulatorial).

Gostou do artigo? Leia mais sobre nutrição e câncer aqui!
 

Por:
Camila B. Polakowski, Nutricionista CRN-8: 6951. Graduação em Nutrição pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná, Pós-graduação em nutrição clínica pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná, Mestre em Alimentação em nutrição pela Universidade Federal do Paraná, Nutricionista clínica do Hospital Erasto Gaertner em Curitiba, Coordenadora do Comitê de Ética e pesquisa do Hospital Erasto Gaertner, Preceptora da residência multiprofissional em Nutrição e Oncologia.

 

Camila