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Conheça a dieta hipoproteica e os benefícios para pacientes com insuficiência renal

Conheça a dieta hipoproteica e os benefícios para pacientes com insuficiência renal

A dieta hipoproteica, como o nome sugere, possui baixas quantidades de proteína. O objetivo desta dieta é reduzir o esforço dos rins na filtragem de alguns metabólitos (ou, em outras palavras, o resíduo após o aproveitamento da parte útil do alimento) e do fígado na metabolização de alimentos. Ela é indicada principalmente para pacientes com doença renal crônica em tratamento conservador, além de outras doenças1, 2.

O que é a dieta hipoproteica?

Inicialmente é importante relembrar quais são os alimentos ricos em proteína, temos os de origem animal como carne, peixe, ovos, leite e seus derivados e, os de origem vegetal, sendo a maior fonte as leguminosas (ervilha, feijão, outros).

Uma dieta considerada hipoproteica possui cerca de 10% ou menos do valor energético diário em proteínas, importante para alguns pacientes que podem ter uma maior restrição decorrente de uma capacidade renal reduzida3, 4

A proteína animal normalmente é rica em gorduras. Portanto, a redução no uso de algumas proteínas de origem animal, além de proteger a função renal quando indicado, também pode ser uma alternativa na proteção contra outras doenças metabólicas. Assim sendo, a restrição proteica reduz o risco de doenças cardiovasculares, obesidade (auxilia na perda de peso), diabetes, hipertensão, gota, dislipidemia e inclusive melhora a microbiota intestinal3, 4.

No entanto, é importante ressaltar que não há relação entre a alta ingestão proteica e o surgimento de doenças renais para indivíduos saudáveis. As restrições e benefícios citados são para pacientes com algum grau de disfunção renal5.

Nota: Segundo evidências científicas atuais, no uso de dietas hospitalares, a dieta hipoproteica está indicada apenas para pacientes com doença renal crônica em tratamento conservador. Não está indicada em casos de lesão renal aguda, cirróticos com ou sem encefalopatia hepática6, 7.

Exemplo de cardápio para dieta hipoproteica

Refeição

Alimento

Quantidade

Café da manhã

-Leite com café ou iogurte

-Pão francês ou similar com enriquecedor sem leite

-Fruta

100 mL

1 unidade

 

1 unidade

Lanche da manhã

-Suco de fruta

1 copo

Almoço e Jantar

-Arroz

-Farofa

-Carne

-Legume

-Salada

-Fruta ou doce sem leite

-Suco de fruta natural

150 g cozido

30 g

½ porção

1 porção

1 porção

1 unidade ou porção

1 copo

Lanche da tarde ou lanche da noite

-Chá

-Pão francês ou similar com enriquecedor sem leite

-Fruta

100 mL

1 unidade

 

1 unidade

 

ATENÇÃO: As dietas devem ser sempre prescritas por um nutricionista. Este é apenas um exemplo para indicar a variedade na alimentação e não deve ser seguido sem a indicação profissional. Alguns pacientes podem apresentar maior restrição proteica, limitando-se a ingestão de carne apenas no almoço ou jantar, daí a necessidade de prescrição individualizada

Receitas hipoproteicas para o dia a dia

A restrição alimentar do paciente com insuficiência renal não é uma fase simples. Muitas vezes, a dieta tem pouca variedade e limita a criatividade na elaboração do cardápio alimentar. Para mudar esse cenário é necessário se reinventar na cozinha e planejar receitas novas que se enquadrem à quantidade de proteína disponível para cada dieta.

Pensando nisso, criamos o conteúdo Receitas Hipoproteicas do Dia a Dia, destinado a aumentar a variedade alimentar de pacientes com restrição. As receitas do livro foram elaboradas procurando atender as necessidades nutricionais de indivíduos com restrição proteica e visando aumentar as opções alimentares, bem como o prazer e a adesão ao tratamento dietético.

A iniciativa da Fresenius Kabi® em colaboração com a Nutricionista Tatiana Martins Aniteli dá acesso a um cardápio rico em vitaminas e minerais que varia o dia a dia alimentar dos pacientes. 

Dieta hipoproteica e dieta hipossódica

É comum que pacientes com restrição proteica também apresentem restrição de sódio (encontrado principalmente no sal). Isso porque nas duas situações há uma necessidade de poupar o trabalho dos rins. Devido à insuficiência renal aguda e crônica, o excesso de sódio e proteínas dificulta o processo de filtragem dos rins, agravando a evolução da doença1.

Ela também é indicada para pacientes que têm insuficiência renal associada à pressão alta2. A restrição de sódio é avaliada de acordo com a capacidade renal do paciente, desde que dentro dos parâmetros mínimos recomendados pela BRASPEN (Sociedade Brasileira de Nutrição Parenteral e Enteral) e ESPEN (European Society for Clinical Nutrition and Metabolism)1.

Vale ressaltar que dietas restritivas, principalmente em sódio, podem ocasionar uma redução importante de calorias e nutrientes gerando outros problemas como a desnutrição. Neste sentido, uma orientação para dieta com menor conteúdo de sódio não deve ultrapassar 6g de sal ao dia, exceção para pacientes com falência cardíaca aguda, no entanto, não se indica uma restrição menor do que 2,8g de sal por dia. Para conseguir dietas hipossódicas, não se indica uso de alimentos ultraprocessados6, 7.

Suplementação oral e recomendações finais

Além do livro de receitas para dieta hipoproteica, a Fresenius Kabi® também oferece uma ampla gama de opções em suplementos orais com baixa quantidade de proteínas. O Fresubin® LP é um produto pronto para consumo, semelhante a um iogurte. Ele possui alto teor calórico com baixo teor de sódio, potássio e fósforo, podendo ser inclusive adicionado em preparações culinárias. Semelhante ao Fresubin® LP, o Fresubin® 5 kcal Shot também é indicado para pacientes com restrição proteica e também, para pacientes com câncer. 

O cuidado nutricional para pacientes com alguma condição clínica é essencial para um bom prognóstico. A desnutrição relacionada a doenças muitas vezes é negligenciada e merece atenção especial. Portanto, é sempre indicado buscar um profissional de saúde especializado para que nos primeiros sinais de problemas nutricionais, este possa orientar um tratamento e prescrição de uma dieta adequada.
 

Referências

  1. Oliveira, Izabelle Silva de; Macedo, Maiane Alves de (org.). Manual de dietas hospitalares HU UNIVASF. Petrolina: HU UNIVASF, 2020. Disponível em: [Link]. Acesso em: 21 out 2022.

  2. Anastácio, Nilcéia (org.). Manual de dietas hospitalares. São Paulo: Coleção Protocolos HMEC 2016. 5 ed. Disponível em: [Link]. Acesso em: 21 out 2022.

  3. Ferraz-Bannitz, Rafael et al. Dietary protein restriction improves metabolic dysfunction in patients with metabolic syndrome in a randomized, controlled trial. Nutrients, v. 14, n. 13, p. 2670, 2022.

  4. Fontes, Bruna Carvalho et al. Efeitos da dieta hipoproteica sobre os perfis lipídico e antropométrico de pacientes com doença renal crônica em tratamento conservador. Brazilian Journal of Nephrology, v. 40, p. 225-232, 2018.

  5. Severo, Pedro Rivera Fernandes et al. Dieta hiperproteica e função renal: Discutindo seus efeitos em adultos normais. Acta médica, p. 247-258, 2018.

  6. Thibault, Ronan et al. ESPEN guideline on hospital nutrition. Clinical Nutrition, v. 40, n. 12, p. 5684-5709, 2021.

  7. Dock-Nascimento, Diana Borges et al. Dieta oral no ambiente hospitalar: posicionamento da BRASPEN. BRASPEN Journal, v. 37, n. 3, p. 207-227, 2023.